MARISA PORTELLA
Aos 15 anos me formei no curso técnico de ouriversaria da escola antroposófica em São Paulo, chamada na época escola Rudolf Steiner, onde estudei. Foi onde tudo começou, me encantei por este ofício milenar, pelo trabalho em metal, suas possibilidades, a dureza que se molda e se adapta e que se transforma pela ação do fogo. De algo tão duro e trabalhado por vezes de forma até mesmo bruta com martelos e serras, e que resulta em um ornamento tão delicado e tão sedutor. Depois de me formar na escola Rudolf Steiner procurei outras escolas. Fui uma das primeiras alunas da escola Oficina de joalheria de Miriam Mirna Korolkowas onde vim a dar aulas de joalheria e esmaltação. Também tive como professores Ricardo Mattar da Escola Nova de Joalheria, e Carlos Salem, Desde então venho me dedicando ao ofício da ourivesaria assim como ao trabalho como designer, buscando sempre o design diferenciado das joias, as formas e materiais diferentes e inovadores. Sentindo necessidade de incluir colorido às peças usei por um longo tempo a esmaltação. Detalhes em cobre nas joias em prata, marcam presença em muitas coleções desde 1994 assim como detalhes em ouro amarelo e vermelho, um caminho ao qual me identifiquei e que hoje já faz parte do DNA do meu trabalho.
A natureza sempre foi uma forte fonte de inspiração, Gosto de trabalhar com coleções que em geral são inspiradas por um tema, pode ser uma viagem onde conheci uma cultura que me encantou, ou um tema como por exemplo a coleção Uiara, que nasceu inspirada pelo movimento das águas das cachoeiras e rios e a história indígena da sereia Yara. Importante para mim atribuir um significado às peças, contar sua história, imprimir uma energia através do simbolismo da sua concepção. Acredito em uma conexão do objeto com a pessoa que o escolhe, além de simplesmente a estética. Acredito no poder que temos de através dos nossos sentimentos e conexão com uma joia podemos torna-la uma espécie de amuleto. Quem não tem uma peça que te traga memórias lindas, conexão e te remeta a sentimentos bons, à uma pessoa querida e importante?
Em 2019 voltei à minha amada Minas Gerais, terra natal, onde tenho atualmente tenho meu atelier e loja em Belo Horizonte.
Acredito no conceito do slow design e busco o atemporal, entendo a joia como objeto de vestir. As joias são desenhadas e executadas com cuidado, delicadeza e respeitando os conceitos de sustentabilidade, consumo consciente e o tempo necessário e essencial para a execução de uma peça com qualidade.
Uma joia cuidadosamente escolhida, marca a nossa presença, nosso estilo e personalidade. De certa forma ela passa a guardar e a contar um pouco a história de nós mesmas. Acho que isso define o que busco em meu trabalho, criar peças que ajudem quem as use a contar um pouco da sua própria história.